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Vida no picadeiro

Foto: Jéssica Néspoli

Três gerações circenses trabalhando juntos na Cia. do Circo: (da esquerda para a direita) Allan Brede Orteney, filho, Cláudia Ortaney, mãe e Miriam Ortaney, avó.

Telefone tocando, alunos chegando à aula, checagem de material. Pode não parecer, mas essa é a rotina de muitos circos de hoje. Para os artistas que nasceram no circo itinerante e agora vivem na cidade, juntar a arte, com o lado financeiro e o prazer, não é uma tarefa fácil. O jeito foi continuar com as apresentações e dar aula de Circo. Na Cia do Circo as aulas são realizadas todos os dias, e os alunos têm os mais variados motivos para entrar nesse mundo, seja para “manter a forma” ou pelo interesse no picadeiro.

 

Os professores são aqueles que vieram da tradição do circo e viajaram por todo mundo, aprenderam línguas, culturas, costumes diferentes, e hoje tentam passar um pouco do que aprenderam pelo mundo a partir de suas aulas.

 

Claudia, responsável pela Cia do Circo, é uma referência no assunto. “Falo seis línguas, mas não precisei ir a nenhuma escola de idioma para aprendê-las”, conta. Foi o circo que proporcionou a ela esse conhecimento. Ela precisou ficar em Campinas por um tempo após seu marido (que também conheceu no circo) precisar se recuperar de uma cirurgia no ombro. Sua família e a família do marido são de circo, e todos ficaram mobilizados durante a recuperação. Mas como manter a renda de toda a família em repouso?

 

Com o tempo a resposta chegou, com a ajuda de pessoas que passavam na rua e viram a estrutura da lona montada no quintal da casa de Claudia: Dar aulas de circo. E deu certo. Até hoje há mais de 6 anos eles continuam dando aula.

 

Claudia confessa que que a adaptação foi difícil. “Não era costume de famílias de circo ensinar outras pessoas, além de a técnica demorar mais de dez anos para se aperfeiçoar”, relatou ela. Mas eles abraçaram a aula e ensinaram muitas pessoas e muitos circos que hoje estão no mercado. Hoje, a rotina de Claudia é bem corrida com eventos, aulas, divulgação, entre outros. Mas ela tem a certeza que estando no trabalho ou em casa sua família estará sempre com ela, do seu lado – e para ela, essa é a melhor parte de viver no picadeiro.

Foto: Acervo Cia do Circo

Respeitável público!

Quanto tempo levou para que essa frase fosse marcada entre as lonas redondas dos circos modernos? A arte de circo existe há, pelo menos, 4.000 anos, com os chineses, gregos e egípcios. No entanto, foi só no Império Romano que a arte começou a tomar a forma conhecida hoje.

 

O primeiro circo a se tornar famoso foi o Circus Maximus, em VI a.C. e capacidade para 150 mil pessoas. As principais atrações eram corridas de carruagem, lutas de gladiadores e cuspidores de fogo. O local foi destruído em um incêndio e, em 40 a.C., substituído pelo hoje conhecido como Coliseu.

 

Com o fim do império e início da era medieval, artistas passaram a se apresentar nas ruas, e posteriormente a formar famílias “nômades”, viajantes que dedicavam a vida para pular de cidade em cidade apresentando as artes circenses (já mais familiares com a atualidade), como malabarismo, dança e teatro.

 

No século XVIII, nasceu na Inglaterra o circo moderno, com o tradicional picadeiro circular e todas as atrações conhecidas até hoje. Com o surgimento do cinema, em 1895, e sua popularização posterior, o circo viria a perder forças no cenário cultural, passando hoje a sobreviver de forma reduzida à conhecida no passado. 

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